17.4 – Explique de que modo a dicotomia estabilidade/mudança relaciona-se com o conceito de personalidade e identidade.

Ao falarmos de com, continuidade/descontinuidade falos de mudança, à transformação, quer quantitativa, quer qualitativa, da forma como os nossos comportamentos de ser se vão tornando diferentes ao longo do tempo. As pessoas mudam, os seus corpos mudos, as suas formas de ser e de ser comportar mudam. Nem só a mudança explica os comportamentos que temos a cada momento. Há pessoa que conhecemos bem e, sobre elas, prevemos como se comportam em determinadas situações, o que tendem a pensar sobre si e sobre o mundo. Estranhamos quando não agem da forma como nós esperamos. Reconhecemos, portanto, estabilidade nos comportamentos e nos modos de ser. A dicotomia entre estabilidade e mudança diz respeito ao modo como os correntes foram vendo explicação do comportamento como tendo origem em elementos de estabilidade ou elementos de mudança. Durante muito tempo os autores que valorizavam o pólo da mudança eram aqueles que abordavam sobretudo o comportamento das crianças e dos adolescentes. Era, portanto, afectado nas suas concepções gerais pelo que se passa nesta fase da vida humana em que domina a transformação, o desenvolvimento, a mudança. A principal característica dos seres humanos é a plasticidade que os acompanha ao longo da vida e que de modo algum termina com o fim da adolescência. É evidente que estas afirmações não são incompatíveis com a afirmação de estabilidade: reconhecemo-nos e somos reconhecidos mesmo quando desempenhamos papeis, quando nos movemos em contextos diferentes, com o passar do tempo. Esta noção reporta-se para o conceito de personalidade: a personalidade representa uma continuidade, uma fidelidade, uma consistência e coerência no modo de ser e de estar.